Fórum de Saúde Mental debate o bem-estar nas organizações

Evento contou com especialistas no tema e abordou questões como importância da segurança psicológica e como um ambiente corporativo saudável pode ser responsável pelo aumento de resultados nas organizações
 

A ABRH-RS promoveu ontem (4) o 1º Fórum de Saúde Mental, com o objetivo de debater o tema “O bem-estar na agenda estratégica das organizações”. Para isso, o evento, que aconteceu no Teatro da PUCRS, contou com a participação de especialistas no tema que palestraram para mais de 420 pessoas, público majoritariamente de profissionais de Recursos Humanos, mas também teve a presença de médicos, profissionais da Segurança do Trabalho, psicólogos, entre outros. "Para a ABRH-RS, a preocupação com a saúde mental dos colaboradores está diretamente relacionada ao desenvolvimento de pessoas nas organizações e ao papel do profissional de Recursos Humanos, bem como do estilo de liderança dos gestores. Acreditamos que cuidar da saúde mental dos colaboradores é essencial para garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo", menciona o presidente da ABRH-RS, Pedro Fagherazzi.

O CEO da Hygia Saúde, Maikol Parnow, criou a empresa após ter um burnout em 2018. “Hoje, é uma doença reconhecidamente relacionada ao trabalho. A pandemia do coronavírus foi superada, mas impulsionou uma nova epidemia que estamos vivendo: a das doenças mentais”, afirmou. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental, seja ansiedade, depressão ou outros. “O Brasil é um dos principais países sob o ponto de vista da utilização de redes sociais e, não por acaso, de acordo com a OMS, é o mais ansioso do mundo também. A medicina trata as doenças com remédios, entretanto, é preciso ir na causa e não remediar a consequência”, relatou Parnow. O palestrante acrescentou que o nosso cérebro não foi preparado para receber tantos estímulos como atualmente: “Dentre as piores drogas do século XXI falando de saúde mental estão: trabalhar sentado, cigarro, açúcar e a rolagem infinita do feed”.

Já o engenheiro mecânico, Alexandre Eberle Alves (download da apresentação), abordou o tema relacionado aos comportamentos de risco no Trabalho. Também especialista em Segurança do Trabalho, Alves relatou que o risco é a soma de perigo e exposição e que os desafios nesta área são resolvidos com a combinação entre questões comportamentais e técnicas. “Enquanto empregador, é preciso sempre eliminar o risco sob o ponto de vista estrutural. Não obstante, isto não é o suficiente, pois é necessário também educar o colaborador com a cultura da empresa, que irá demandar um comportamento deste profissional”, salientou. E completou: “Acidentes não acontecem por acaso, mas, sim, por descaso”, finalizou.

Kátia Magni falou sobre a “imunidade emocional”, que conceitua ser um conjunto de mecanismos de defesa contra elementos estranhos e que tem como principal objetivo fortalecer os indivíduos: “Não podemos dizer que uma empresa tem segurança psicológica, mas podemos falar que uma equipe possui. Isto, pois o tema está diretamente ligado ao time e às pessoas”. Além disso, Kátia crê que esta imunidade emocional permite a compreensão das emoções nos contextos atuais, identifica as forças e dificuldades das pessoas e amplia o repertório de autocuidado. “A segurança psicológica trata-se da crença compartilhada pelos membros de um time. A equipe é um ambiente de trabalho seguro para se tomar riscos interpessoais. Refere-se a experiência de se sentir capaz de expressar-se com ideias relevantes, perguntas e preocupações”, finalizou.

Logo após o intervalo de almoço, o evento permitiu o público escolher três talks sobre os assuntos: “As emoções à flor da pele e a Comunicação Interna como agente estratégico neste cenário organizacional” (download da apresentação); “Engajamento no trabalho: bem-estar e performance andando juntos”; ou “A melhor e mais rápida prática de autocuidado ao alcance de todos – Mindfulness”. Na sequência, um painel com a supervisora de saúde ocupacional da InBetta, Daiani Soares da Cunha (download da apresentação), e com a sócia da Realis, Elisa Zingano (download da apresentação), abordou os programas de saúde mental e bem-estar em organizações. A empresa de Elisa atua como uma consultoria do bem-estar organizacional e atende empresas como Colgate, Iguatemi, Deloitte, Gerdau entre outras grandes marcas, e ela afirma: “É preciso entender a cultura e o nível de maturidade da empresa para adequar uma ação como um programa específico neste tema. A liderança e o colaborador também são fundamentais para esta leitura, pois é uma engrenagem que movimenta-se junta”. E ponderou que “o tema é muito amplo e não se trata apenas de oferecer uma massagem ou um café premium no trabalho, mas, também, preocupar-se de forma completa com a saúde física e psicológica, finanças e relações de qualidade”. Já Daiani apresentou o case da InBetta, que é uma holding com marcas de produtos nos segmentos limpeza, higiene, organização, conservação, acabamentos e linha profissional, com matriz em Esteio. A empresa iniciou há dez anos o atendimento psicossocial, com atendimento semanal. Em 2017, criaram o projeto Sono, em parceria com o SESI/RS e, em 2020, firmaram a equipe de saúde mental. “O RH não pode desistir. Dentro da empresa, é o responsável pelas questões humanas. Mesmo em cenários de falta de adesão do público interno ou de resultados ainda não satisfatórios das ações, é fundamental insistir para desenvolver comportamentos”, contou.

A especialista em Saúde Mental no Trabalho e Fatores Psicossociais do SESI/RS, Graziela Alberici, conduziu uma palestra sob o ponto de vista da gestão da saúde mental no trabalho. Graziela trouxe conceitos importantes, como o de riscos psicossociais: são acidentes de trabalho; reclamatórias trabalhistas; absenteísmo e presenteísmo; rotatividade; falta de engajamento; afastamento por transtornos mentais e outras doenças, como o burnout. E que os fatores de proteção psicossociais são: a realização e a satisfação; a saúde e o bem-estar; clima organizacional saudável; retenção de talentos; engajamento; e sustentabilidade do negócio. “O que é possível fazer pela saúde mental das pessoas no trabalho? Há um tripé de atuação que passa pelas áreas de Recursos Humanos, Segurança e Saúde, além das lideranças da organização", disse.

Por fim, a psicóloga, Veruska Galvão (download da apresentação), finalizou o evento contando sobre como a segurança psicológica é importante na rotina organizacional. “O ambiente nos molda, no mínimo nos influencia. Mas, não nos determina”, conceituou a especialista para pontuar que o desafio da transformação nunca dependeu tanto da colaboração de outras pessoas, pois nunca houve um trabalho tão conjunto e que “para colaborar é preciso de coragem”. Segundo Veruska, os líderes tendem a achar que já sabem de tudo, entretanto, atualmente, a melhor liderança hoje não é a que acredita ter todas as respostas, mas a que faz as perguntas corretas. “O aprendizado no novo mundo do trabalho é responsável pela inovação e o simples fato de ouvir as pessoas pode aumentar a produtividade das organizações”, concluiu.
 

 

Sobre a ABRH-RS

Referência nacional entre as seccionais da ABRH Nacional, a Associação Brasileira de Recursos Humanos - RS acumula 50 anos de atividades no Rio Grande do Sul. Com mais de mil associados entre pessoas jurídicas e físicas, a entidade atua com foco na capacitação e qualificação profissional de profissionais das áreas de gestão e pessoas. Abrange todas as questões que integram a gestão e o desenvolvimento de pessoas a partir da disseminação do conhecimento.
 

 

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